Trouxe-me tanto sem eu pedir e sem prever. Mas também levou sem eu querer..
Tive bombeiros, tive casamentos, tive nascimentos, tive ausências definitivas, por aí fora, mas o principal é que tenho uma vida um pouco diferente.
A real mudança, no meio de tudo, foi como é óbvio, ter vindo para aqui. Que não mexendo com muitos, para alguns foi o suficiente para trazer à memória o que em tempos passaram.
Deixei para trás um espaço que há muito queria, e precisava, deixar e aceitei um lugar onde há muito queria estar. Um lugar que, como eu achava, me vai permitir abrir portas a algo mais, sem saber muito bem o que isso me vai trazer. Mas nunca tive dúvidas em vir nem nunca hesitei.
As minhas razões para vir para aqui, vão muito além do que se ouve em telejornais. Para mim, há algo bem maior do que um emprego e estabilidade financeira. E dos vários enfermeiros portugueses com a qual já tive oportunidade de falar aqui, o discurso não difere muito: querem voltar.
Por isso, se me perguntam se quero voltar: não, porque eu quero estar aqui embora não saiba até quando. Não faço questão de ir a toda hora a Portugal como a grande maioria faz, sempre que tem uma oportunidade. Agora que aqui estou, vou estar.
Saí de 'casa' sem chave e um bilhete de ida apenas. E muita vontade de aterrar em Inglaterra por tempo indeterminado. Vim com 24kg de bagagem, uma guitarra e um computador portátil. Mas muito mais na cabeça e coração.
Tal como todos os anos, este não acabou como começou, nem como o anterior acabou.
Mas quero que o ano que chega agora me traga uma lufada de ar bem fresca e agitada. Porque, sem qualquer dúvida, eu já estou a precisar e muito! Está na hora de levar um abanão e subir mais uns degraus.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
domingo, 30 de dezembro de 2012
"What's your husband's name?" she asked..
S: What's your husband's name? (doente confusa)
M: sorry..?
S: your husband. (continua confusa)
M: I don't have a husband..
S: You don't?! How's that possible?! (confusão mantém-se)
M: No. Look.. see, no ring. No husband.
S: oh (shocked)... Then it's time to do something about it! .. Don't YOU think..? (E PIMBA! bem nas tuas trombas)
M: ... hum hum.. yeah, I need to think about that.. now, medicine time!
S: No, thank you, goodbye! (and back to confusion..)
M: .. demencia.. is killing my brain too.
Doentes, doentes.. mas não tanto afinal.. toma lá que ficaste jantada.
(E a propósito: não procuro anel nenhum.)
M: sorry..?
S: your husband. (continua confusa)
M: I don't have a husband..
S: You don't?! How's that possible?! (confusão mantém-se)
M: No. Look.. see, no ring. No husband.
S: oh (shocked)... Then it's time to do something about it! .. Don't YOU think..? (E PIMBA! bem nas tuas trombas)
M: ... hum hum.. yeah, I need to think about that.. now, medicine time!
S: No, thank you, goodbye! (and back to confusion..)
M: .. demencia.. is killing my brain too.
Doentes, doentes.. mas não tanto afinal.. toma lá que ficaste jantada.
(E a propósito: não procuro anel nenhum.)
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Conclusão de 2012
Quanto mais rápido eu tentar alcançar algo, menos rapidamente irá acontecer.
Plano para 2013: não ter nenhum e deixar a vida correr..
Plano para 2013: não ter nenhum e deixar a vida correr..
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Estreias
Eu nunca me tinha preocupado em ter botas para neve. Não bebia chá. Nunca tinha comido perú no dia de Natal. Nunca tinha rezado antes de comer! Nunca tinha trabalhado na véspera e no dia de Natal. Nunca tinha passado um Natal sozinha..
Nunca para muita coisa, até aqui chegar.
Nunca para muita coisa, até aqui chegar.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Se tu viesses ver-me..
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Vai e Sê Feliz..
na curva da estrada falas-me de ti,
do rumo que tarda
é hora de escolher,
p'ra ti é tudo ou nada
És filha do mundo,
com vontade de mudar
rompes o silêncio, à prova de bala
dás-me a tua voz, que nunca se cala
já não te queixas de mim,
mas nada nasce no fim
Onde está a revolução,
já não te posso valer
descontas no tempo,
um estado de graça
beco com saída, fogo que não passa
amanhã longe daqui,
serei eu que te perdi
Mas tu...
Vai e sê feliz
não olhes para trás (deixa lá)
vai e sê feliz
E só mais uma vez, só de uma vez
vai e sê feliz por mim, sê feliz por ti
Vai e sê feliz
domingo, 23 de dezembro de 2012
O primeiro Natal fora..
Nada, mesmo nada, planeado e com tão pouco e sozinha.
Praticamente ninguém que eu conheça, consegue perceber todo este misto e sofrimento que vai dentro. Não sinto tanto esta época que tanto adoro.
Podia gastar tantas palavras quanto me lembrasse para tentar explicar.
Mas não iríamos passar disso, tentar.
Praticamente ninguém que eu conheça, consegue perceber todo este misto e sofrimento que vai dentro. Não sinto tanto esta época que tanto adoro.
Podia gastar tantas palavras quanto me lembrasse para tentar explicar.
Mas não iríamos passar disso, tentar.
Este ano, por questões de circunstâncias, a minha tradição de mensagens personalizadas, terá de ser reduzida aos mais directos por não me ser possível mandar mensagens ou telefonar a todos.
Aproveitem tudo que eu estarei a trabalhar, véspera, dia e pós.
Aproveitem tudo que eu estarei a trabalhar, véspera, dia e pós.
Com todos vocês no coração e com tudo o que me ensinaram, Merry Christmas!
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Vou (te) largar
Porque eu preciso largar, chorar tudo, encolher-me até ao ponto fetal, esquecer, tornar-me bem pequena, para poder levantar e seguir.. e abraçar tudo o que vier, sendo melhor do que fui até aqui.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Duas caras
L. - "You need to be a double face, trust me. Don't let yourself get bullied.."
- ... but that's not me and I don't want to..
L. - "I know.. but you need, to protect yourself.. you're too good."
Crap! A guerra vai começar.. e eu bem que andei a evitar.
Sou péssima neste jogo!
- ... but that's not me and I don't want to..
L. - "I know.. but you need, to protect yourself.. you're too good."
Crap! A guerra vai começar.. e eu bem que andei a evitar.
Sou péssima neste jogo!
domingo, 16 de dezembro de 2012
O 'Wow' mais efusivo
A caminho da minha primeira entrevista através do NHS, sentada à janela do comboio, a ler um dos livros que trouxe comigo, entra, numas das paragens, um 'moço' que se senta ao meu lado (e claramente não era português). Estava eu perdida nas linhas, quando me apercebo que os olhos do lado estavam focados no meu livro mas nada lhe disse. Até ele arriscar e perguntar: I'm sorry, I was trying to guess.. is that italian?
Ao que respondi, com um sorriso, porque achei piada, há uma grande tendência para acharem que as portuguesas são ou italianas ou espanholas (até à data ninguém acertou na minha nacionalidade): no, it's portuguese..
Ele: oh.. ok. Portuguese is nice as well.
A estação para onde eu ia (que afinal era a mesma que ele) apareceu três paragens depois.
E no segundo imediatamente depois a eu fechar o livro, ouço um efusivo: WOOW!
O que me levou a um segundo e grande sorriso e lhe disse: now you know!
E ele, ainda meio surpreso: ... yeah... are you enjoying it?
Very much!
Ele percebeu pelo nome da autora..
Ao que respondi, com um sorriso, porque achei piada, há uma grande tendência para acharem que as portuguesas são ou italianas ou espanholas (até à data ninguém acertou na minha nacionalidade): no, it's portuguese..
Ele: oh.. ok. Portuguese is nice as well.
A estação para onde eu ia (que afinal era a mesma que ele) apareceu três paragens depois.
E no segundo imediatamente depois a eu fechar o livro, ouço um efusivo: WOOW!
O que me levou a um segundo e grande sorriso e lhe disse: now you know!
E ele, ainda meio surpreso: ... yeah... are you enjoying it?
Very much!
Ele percebeu pelo nome da autora..
sábado, 15 de dezembro de 2012
Parece mentira
É díficil largar quando não se quer. É, e eu, preciso largar e a conversa do "tempo cura tudo", nestes tempos parece uma mentira.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Materialismo e Ostentação
Há pessoas que não entendem que seriam tão felizes ou mesmo mais, com menos ainda do que já têm. Há pessoas, a meu ver, com as noções trocadas.
E o egoísmo de bonito tem muito pouco.
E o egoísmo de bonito tem muito pouco.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Espécie de Limbo
"Como é estar de volta?"
(Apetece-me responder que não voltei, estou de passagem..e porque porque.. porque é natal, senão não teria vindo)
Não foram meia dúzia de dias sequer.. e foi a sensação mais estranha que já tive. Há apenas quase, meros três mesinhos na ilha fez-me sentir estranha no sítio onde nasci.
Foi-me impossível explicar por palavras sempre que respondia "não sei bem, é estranho".
Estranho?! Se nasceste aqui, és daqui, pertences aqui.. estranho?!
E eis que alguém, no timing certo e calando bocas, questiona: pertence? será?
Sou daqui (sim), amo esta capital (sem dúvida) mas já não me sinto a pertencer aqui. Conheço muito daqui, sei mexer-me aqui mas há algo de diferente..
Sou eu.
É o meu quarto mas já não é porque não o sinto.. Era. As duas primeiras manhãs fui atacada por uma desorientação de espaço como nunca passei.
Tive dificuldade em explicar esta estranheza, que basicamente ninguém percebe do que falo. Valeu-me quem, com mais primaveras, passou pelo mesmo e me ajudou a encontrar palavras, conseguindo falar o que sinto e a estranheza que vai em mim. Vejo a vida a acontecer mas pareço não pertencer, uma espécie de limbo que paira. É díficil explicar. Estou algures no meio.
Voltar decididamente não está incluído nos planos dos próximos tempos e por diversas razões que já consigo apontar. Inglaterra faz parte do meu caminho agora e é para ele que tenho de olhar.
Não sei quando volto, não penso sequer nisso. Este tempinho deu para perceber muita coisa e saber outras mais importantes para planear algumas coisas a médio prazo.
E, no meio de tudo, lá veio novamente à baila que "és como o avô Z.. és és".
E eu que não o conheço mas sempre lhe senti falta.. um dia talvez.
(Apetece-me responder que não voltei, estou de passagem..e porque porque.. porque é natal, senão não teria vindo)
Não foram meia dúzia de dias sequer.. e foi a sensação mais estranha que já tive. Há apenas quase, meros três mesinhos na ilha fez-me sentir estranha no sítio onde nasci.
Foi-me impossível explicar por palavras sempre que respondia "não sei bem, é estranho".
Estranho?! Se nasceste aqui, és daqui, pertences aqui.. estranho?!
E eis que alguém, no timing certo e calando bocas, questiona: pertence? será?
Sou daqui (sim), amo esta capital (sem dúvida) mas já não me sinto a pertencer aqui. Conheço muito daqui, sei mexer-me aqui mas há algo de diferente..
Sou eu.
É o meu quarto mas já não é porque não o sinto.. Era. As duas primeiras manhãs fui atacada por uma desorientação de espaço como nunca passei.
Tive dificuldade em explicar esta estranheza, que basicamente ninguém percebe do que falo. Valeu-me quem, com mais primaveras, passou pelo mesmo e me ajudou a encontrar palavras, conseguindo falar o que sinto e a estranheza que vai em mim. Vejo a vida a acontecer mas pareço não pertencer, uma espécie de limbo que paira. É díficil explicar. Estou algures no meio.
Voltar decididamente não está incluído nos planos dos próximos tempos e por diversas razões que já consigo apontar. Inglaterra faz parte do meu caminho agora e é para ele que tenho de olhar.
Não sei quando volto, não penso sequer nisso. Este tempinho deu para perceber muita coisa e saber outras mais importantes para planear algumas coisas a médio prazo.
E, no meio de tudo, lá veio novamente à baila que "és como o avô Z.. és és".
E eu que não o conheço mas sempre lhe senti falta.. um dia talvez.
domingo, 9 de dezembro de 2012
Nada é infinito
Tudo aquilo que não é cuidado, com mais ou menos dor, eventualmente acabará por morrer..
domingo, 2 de dezembro de 2012
Subscrever:
Mensagens (Atom)