«A saudade é uma tatuagem na alma. Só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós.»

 

I miss my books..

chuva

Pela primeira vez, desde que aqui cheguei, consegui durante a noite, ouvir a chuva bater na janela (o que até é algo que gosto). E ainda assim, ainda não tem a força (nem metade) das primeiras chuvas portuguesas, que quando chegam nos encharcam dos pés à cabeça. Não me lembro de alguma vez ter um chapéu de chuva tão fraquinho que tivesse durado tanto tempo. Em Portugal decerto não teria aguentado nem 20 metros de caminho à chuva.
Meu rico umbrella às bolinhas e colorido.. e pequenino.

I'm still standing

I'm still standing after all this time
Picking up the pieces of my life without you ..

The only thing

Há uma coisa em que acredito sem querer acreditar (porque sai fora da minha lógica). Mesmo que diga mil vezes para mim que não acredito, eu sei que vou sempre acreditar. And somehow, isso interfere no meu sistema.

Não é idiotice crónica

Ouvi-as sair de casa de manhã cedo para o trabalho.. Cinco minutos, voltam para trás, e sou acordada com gritos "acorda! acorda! Está a nevar!!".
E eu, que perdida estava em sonhos, pulei fora da cama e fui à porta, ver o que para mim é das coisas mais bonitas de ser ver.. Estava a nevar! Sabia que iam chegar os dias de neve mas não esperava que fosse este mês. Já vi neve na minha vida mas nevar nunca, e amei! E vou adorar quando tudo passar a branco e o Natal chegar.
Elas lá foram e eu fiquei à porta a ver o espectáculo.. até sentir que o quente que eu ainda tinha do aconchego da cama já não chegava para combater o frio que de fora vinha. Fechei a porta, peguei na máquina fotográfica e tirei umas quantas fotos. E depois voltei mais um pouco para a cama. Mas sentia-me tão bem, que fiquei apenas meia hora. Saltei novamente fora da cama, tomei pequeno-almoço e decidi: hoje vou a Londres! Em dez minutos estava pronta. E quase quarenta minutos depois, de sair de casa, estava no centro. .. E afinal: não é idiotice crónica.

 

 

 

 

 E já quase em casa, em Gerrards Cross: bucks firefighter.

E voltei com a sensação que afinal, não é idiotice crónica. Hoje lembrei-me porque razão há sete anos atrás esta cidade me atraiu. Não é idiotice crónica.

Aqui

Apesar de já me conseguir mexer sozinha ainda não o faço de olhos fechados, em automático.
Viver na vila tem um lado muito bom, de calma e paz, espaços verdes e tem uma zona muito boa para correr. O quintal da casa dá para o lado da escola e quando estou a lavar loiça na cozinha posso ver os miúdos a correr e a jogar a bola do lado de lá. Mas começa a revelar-se demasiado calmo, mesmo para mim.. Não existisse o ditado 'os opostos atraem-se'.. Tal como em Portugal, faz-me falta o movimento da cidade. E da variedade de coisas para fazer e ver que aqui na vila não tenho.
Aqui há uma enfermeira portuguesa que leva a escova de dentes para o trabalho, a mesma que usa o mesmo copo de plástico durante as 12h de serviço (devia arranjar my own mug), a mesma que não alinha nos mexericos que vai ouvindo por portas e travessas. Aqui há uma pessoa que acorda sempre antes do despertador programado para as 6h30 da manhã. Aqui há uma portuguesa sem vontade de ir todos os meses a Portugal contrariando a estatistica dos restantes colegas e sem grande preocupação de marcar uma visita a Lisboa (embora já ande a ser pensada desde ontem devido ao natal). Aqui há uma enfermeira que não gosta de chá mas que aprendeu a beber chá com leite (!). etc...
Deixei passar um hospital em Southampton e começo a achar por idiotice crónica. Por isso, agora com a possibilidade (muito) remota de um hospital em Manchester acho que vou dar é o litro por ele e pelos que aparecerem, independentemente de onde sejam..
E ontem passei no meu drug assessment. Por isso, a partir de agora aqui a portuguesa, a desempenhar papel de enfermeira, vai estar no floor por si própria e quinta-feira é a nurse in charge, de uma unidade louca.
E por ora, é tudo..

(estão a ver a janela à direita da porta? é a minha..)

Assim não posso

Não consigo seguir igual se isso me fere e, principalmente, me dificulta os dias aqui. Assim não posso estar porque não sou eu. E eu escolho fazer alguma coisa em relação a isso e isso chama-se mudar.