terça-feira, 14 de outubro de 2014

... breathless

Das arábias chegou e num sorriso (me) desarmou.

domingo, 5 de outubro de 2014

'Pergunta-me'

Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto, in 'Raiz de Orvalho'

sábado, 9 de agosto de 2014

há dias

Há dias que apanham uma volta tão grande que por final do dia se tornam únicos, sem sabermos de onde ou como foram acontecer, numa sucessão de pequenos (e aparentemente irrisórios) acontecimentos. Um dia normal, só mais um dia, que acaba num dia revelante.
Lembrar que cheguei a pensar que já não seria possível salvar muito mais (ou nada) heis que a volta surge inesperadamente.. (penso que talvez porque nos dispusemos a isso mesmo). Um dia que me vai ficar na memória. Foi bom. Talvez esteja é na verdade ainda por vir muito mais do que até aqui tem havido. we'll see..

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Susan Cain - Silêncio / Quiet

Reparei neste livro prestes a voltar para a ilha. Honestamente, só não foi mais um que veio na mala porque já trazia um outro livro para o caminho e como já começo a ter uma pequena livraria nesta ilha preciso de algum cuidado. Mas fiquei cheia de curiosidade e ao fim de umas horas de sair de PT um pequeno 'arrependimento' apareceu e lá terei mesmo de o ler.. em inglês.
A verdade é que para mim não há livros que cheguem, nunca são demais. Sempre me perdi em livrarias, o que digo ser rápido leva normalmente 30 a 40 minutos. Se digo que procuro algo especificamente vou estar fechada entre paginas por tempo indeterminado. Não por mal mas porque é mesmo assim a minha relação com os livros. Lembro-me de um episodio em que me atrasei para o cinema porque me 'perdi' dentro de uma livraria, entrei porque tinha tempo para matar até à sessão começar, saí de lá sem tempo nenhum e atrasada!

Lamento que o vídeo não tenho legendas em português porque sei que nem todos vão conseguir acompanhar.

Essencialmente, o Mundo precisa de todos. E eu também amo os extrovertidos. Muito.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Me and Mr #25

Deixem-me contar-vos uma pequena história sobre o número 25, muito rapidamente..
A 25 de setembro de 2012 mudei me para Inglaterra. Eu tinha 25 anos.
A 25 de Janeiro de 2013 demiti-me do lar onde trabalhava porque não queria mesmo lá estar.
Comecei depois numa enfermaria de um hospital central mas como as coisas não me começavam a agradar a 25 de novembro de 2013 apresento nova carta de demissão. O último dia oficial de trabalho seria o dia de Natal. (Aqui tomei noção da.. chamemos-lhe 'persistência', mas ignorei)
Entretanto o ano de 2014 começa e a 25 de Janeiro, viagem marcada com meses de antecedência, voltei de uma semana de férias em PT.
Por isso, conseguem já imaginar a minha cara quando, no mês seguinte, nos meus anos vou a Budapeste e a porta do hotel 'diz': 25.. !
E para arrumar de vez com o Mr nº 25  vou só ouvir musica antes de dormir.
Para começar pode ser..:
Twenty-five years and my life is still
Trying to get up that great big hill of hope
For a destination
 
 
Algo me diz que se encaixa com o assunto..

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Todo mês de Fevereiro, Aquele passo.. Aquele abraço

"Meu caminho pelo mundo
 Eu mesmo traço
 A Bahia já me deu
 Régua e compasso
 Quem sabe de mim sou eu
 Aquele Abraço!
 Pra você que me esqueceu"

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Hoje!

20h40, 21/2
Message sent
M: I don't mind where we go really. The last thing I need is to think!

- Lets drink and dance then!

Porque hoje não quero pensar, não quero que me façam pensar em nada!
Entrar e sair deste dia de sorriso! Que dia de Sol fantástico e cabelo ao vento.
A única coisa que pedi foi não ter de pensar, e ficou leve e fácil.
É que este hoje é especial.. hoje tudo é diferente desde a última vez que este dia se passou, a começar por mim.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

"Sonho Impossível"

Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se este chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Ponta do Iceberg

Desdobro-me em tantos pedaços e afazeres quantas pessoas há para ver e coisas a fazer.
Ouço aquilo que são as 'trivialidades' de quem as vive no país, com ar de quem acompanha sem perder cada capítulo quando na realidade se sente algo desenquadrada do que se diz e se vive.
Durmo em casas onde não dou uso aos estores (nem tão pouco me lembro que existem!) e acordo ao ritmo da chegada dos primeiros e, por ser inverno, mais corajosos raios de sol.
Lembro-me de quando aqui morava e não gostar de entrar pelas casas adentro de sapatos/botas ou o que fosse, à excepção dos chinelos, por ser obvio que suja a casa, mas porque sempre me senti melhor assim mas até desses me livrava porque o que sempre gostei mesmo é de ter pé no chão - quente, frio, o vento, seco, na agua, na areia, na relva, no chão da casa, no tapete - onde der para os pés serem livres (e quantas vezes tal 'mania' foi motivo de discussão). Agora naquilo que é a minha casa existe o hábito já quase inconsciente, de ao entrar descalçar no imediato sem nunca ter sido imposto.
Sempre que ponho os pés em PT perco largos minutos no recanto sozinha, deixo-me guiar sem rumo durante a noite quando saio de um jantar qualquer. E só nessa altura sou só eu.
Emocionalmente sinto-me mais segura na ilha. Vir implica mexer com tanto, e muito do que não quero. .. não já.
O voo que me leva/trás de volta 'obriga-me' a (re)pensar nesta vida, a minha.
Sou atacada, como quase praticamente sempre acontece, por imensos pensamentos (e vontades) que me fazem, na calada do meu ser, procurar os próximos/outros passos. A cada novo regresso para a ilha a sensação muda, e já nem sei bem se para melhor ou pior.
Nesta ansiedade que vivo as pequenas mudanças que me notam é só a ponta do iceberg.

E foi o escândalo chegar ao aeroporto da Portela de unhas pintadas.
E foi a Amêndoa Amarga (!) que o último copo deve ter sido na época em que ali vivia.
É. Foi. Tanta coisa.. que mesmo falando o melhor português acho que não iam perceber o vai dentro do meu ser.