Lembro-me como se fosse ontem. Lembro-me de um encontro entre uma criança da europa com uma outra vinda de áfrica. Lembro-me da relutância, por parte de outras crianças, em aceitar o forasteiro que chegava, vindo de um lugar que apenas existia na imaginação de cada criança construída a partir de imagens vistas no caderno de geografia. Um forasteiro que chegava para ocupar um lugar num grupo que desconhecia. Lembro-me da ânsia da criança da europa em ver o forasteiro, de todas as perguntas que já lhe queria fazer sem o conhecer. Lembro-me de uma criança da europa que crescia com os ouvidos cheios daquela terra e naquele momento um pedaço recente lhe chegava à beira.
Ela dizia-lhe que tinha de atinar com o inglês e ele dizia-lhe que tinha de atinar com a química.
Ela falava na paixão pela história e conhecer o mundo, ele falava na paixão pelo desenho e no sonho de arquitectura e encantava com as histórias do seu mundo.
Ela era a criança da europa e ele era o princípe que vinha de São Tomé e do mundo das cascatas.
Podiam ser as crianças mais sossegadas até ao momento em que se juntavam a conversar e nunca mais se calavam. Até serem separados..
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