quarta-feira, 19 de junho de 2013

Falsa Emigrante

Quem estudou bioquímica e mais uma ou outra disciplina, da qual a ciência gosta de dizer que sabe (mas no fundo sabe é pouco), aprendeu que a Natureza consegue produzir falsos negativos e falsos positivos nos mais variados testes e exames, induzindo o Homem em erro.
Boa parte do meu tempo sinto-me assim: falsa emigrante.
Para todos os efeitos (e tenho, ou pelo menos devia, de uma vez por todas meter isto na minha cabeça) passei a ser aquilo a que se chama de emigrante.
Mas este é o meu 'problema': para mim é tudo normal. Ter vindo para aqui foi normal, conduzir à esquerda é normal, não usar euros na carteira é normal, funcionar em bilingue é normal, trabalhar com filipinos, indianos e não só, é normal. E se para mim tudo é normal e parece fluir como se sempre tivesse sido assim porque razão haveria de me sentir emigrante?
As dificuldades (pequenas ou grandes depende sempre da perspetiva), os momentos menos agradáveis pelas quais já passei (e quase na certa devem haver mais alguns há minha espera) e os comentários (e olhares) racistas e xenófobos, são o que me relembram que não sou daqui.
Mas talvez porque posso falar português quando quero, talvez porque se penso em algo que em Portugal sei que existe e aqui vou procurar acabo por encontrar com outro nome mas a mesma função, talvez porque a forma de as coisas funcionarem (e talvez este seja o ponto fulcral!) não difere tanto de Portugal, eu não me vá sentindo tão deslocada assim. As coisas funcionando não me dificultam a vida em nada, a minha liberdade não foi afectada (posso conduzir, beber, vestir a roupa que eu decidir), tal como a minha segurança (preciso sim de ter o mínimo de senso comum da mesma forma que em Portugal no que toca a segurança), tenho os mesmos direitos que tenho enquanto cidadã em Portugal (com as devidas nuances de estrangeira pertencente à UE), em termos de alimentação é o mesmo (tenho até mais variedade). Bolas, aqui também há Ikea, Decathlon e Lidl. Obviamente que estou a excluir aquilo que é tradicional e apenas se encontra em Portugal.
Sim, tenho perdido muita coisa que anda a acontecer em Portugal e isso por vezes não ajuda os dias aqui, mas se não tivesse vindo perdia deste lado, nesta ilha.
E mais importante que isso tudo, perdia no ganho para mim própria.
Apesar de tudo, e de por vezes pensar como é que ainda aqui ando, olhando para estas pequenas diferenças, não me sinto muito emigrante mas sim falsa emigrante. No meio de tantos emigrantes portugueses, sinto-me aquela que deu como resultado um falso positivo (juntamente com mais uma e outra pessoa).
Pior do que isto (que não é nada) é ter de olhar para Portugal numa perspetiva de férias e não de regresso definitivo. Recuando um pouco no tempo, volta a sensação de Limbo que me atacou na primeira ida a Portugal. Acho tudo meio estranho e sem me fazer muito sentido, é meu mas ao mesmo tempo parece não ser, é estranho percorrer Lisboa e tudo quanto conheço (com todas as memórias) com a consciência de que aí a uns dias já não estou presente, meto-me no avião de regresso e tudo parece voltar ao normal.. não sei. Talvez mudando a vida de volta a Portugal mudasse a sensação. Não sei.
Se não sou falsa emigrante então serei uma emigrante muito bem adaptada a uma ilha. Mas seja como for, não deixa de haver uma sensação estranha em ambos os lugares.

domingo, 16 de junho de 2013

Bom de se ouvir.. but even so I said goodbye

"Aquele que te tiver será o mais rico.."

sexta-feira, 7 de junho de 2013

O meu turbante

O meu turbante (que perdeu o estatuto de único pouco depois de chegar à ilha) é sempre a surpresa de alguém de cada vez que o ponho na cabeça.
Mas mais uns dias e talvez volte para a gaveta já que das primeiras coisas que vou fazer quando for ao continente, será cortar novamente o cabelo. É que o malandro já se anda a esticar. E a mim ainda não me apetece voltar ao estilo antigo.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Diz que não tem sotaque de estrangeira

- You're Portuguese?! You don't sound Portuguese. You don't look English obviously but you sound like..

domingo, 19 de maio de 2013

Tonight

Can you see the moon? It's so bright..

quarta-feira, 15 de maio de 2013

#3: Trabalhar no UK - Enfermagem (RCN)

Para trabalhar como Enfermeiro/a no UK, é obrigatória a inscrição no NMC, que emite a licença de cada enfermeiro ou midwife com a validade de um ano. A quota do NMC é anual e desde 1/Fevereiro/2013 passou a ser 100£ e, desde Setembro/2012, sem emissão de um cartão com o PIN mas apenas uma carta com os dados. (tal como agora fazem com o National Insurance Number. Fim aos cartões.)

Mas o NMC não é a única organização que existe para regular a prática da Enfermagem.
Existe também o Royal College of Nursing (RCN) à qual cada Enfermeiro pode optar fazer parte.
Na verdade, apesar de ser uma opção, é importante fazer parte do RCN por diversas razões mas a principal é que é esta entidade (e não o NMC) que protege o Enfermeiro em caso de processos disciplinares ou investigações.

Isto poderá lembrar a alguns, um pouco a dicotomia que há em Portugal com a Ordem dos Enfermeiros e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses. No primeiro é realmente necessário estar-se inscrito para obter a licença com o nosso número de identificação enquanto pelo segundo a inscrição é opcional mas onde se obtém muito mais informação sobre a profissão e direitos.

Quem aqui trabalha ou quem por aqui passa, rapidamente percebe que é mesmo muito fácil perder o seu PIN por isso aconselha-se a todos os Enfermeiros a estarem registados no RCN, principalmente se trabalham em ambiente hospitalar onde a possibilidade de erros e riscos é muito mais elevada.

E se alguma vez forem convocados a uma reunião em que dizem que podem levar alguém convosco (colega ou representante do RCN) façam uso porque ninguém anda aqui a brincar..

domingo, 12 de maio de 2013