- Então agora voltas quando? no verão?
M: Mas isto não é o verão..?!
- Oh, pois..
M: .. mas respondendo, ainda não sei.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Peço desculpa, eu não entendo estas conversas..
M: isso há mas apenas no café português e logicamente é caro.
- e lá vendem coisas portuguesas?
M: ..sim, é só português..
- então não tem outras marcas..?
M: .. não.
- é só português?
M: (respira.. aguenta.. not!).. se eu agora responder não, ficas esclarecido??
- então o teu inglês?
M: que é que tem o meu inglês?
- está bom? melhor?
M: claro. bem melhor, que raio de pergunta a fazer a uma pessoa que já lá está há um tempo considerável, não?
- ..sim.. mas safas-te?
M: é para eu me rir??
- e lá vendem coisas portuguesas?
M: ..sim, é só português..
- então não tem outras marcas..?
M: .. não.
- é só português?
M: (respira.. aguenta.. not!).. se eu agora responder não, ficas esclarecido??
- então o teu inglês?
M: que é que tem o meu inglês?
- está bom? melhor?
M: claro. bem melhor, que raio de pergunta a fazer a uma pessoa que já lá está há um tempo considerável, não?
- ..sim.. mas safas-te?
M: é para eu me rir??
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Falsa Emigrante
Quem estudou bioquímica e mais uma ou outra disciplina, da qual a ciência gosta de dizer que sabe (mas no fundo sabe é pouco), aprendeu que a Natureza consegue produzir falsos negativos e falsos positivos nos mais variados testes e exames, induzindo o Homem em erro.
Boa parte do meu tempo sinto-me assim: falsa emigrante.
Para todos os efeitos (e tenho, ou pelo menos devia, de uma vez por todas meter isto na minha cabeça) passei a ser aquilo a que se chama de emigrante.
Mas este é o meu 'problema': para mim é tudo normal. Ter vindo para aqui foi normal, conduzir à esquerda é normal, não usar euros na carteira é normal, funcionar em bilingue é normal, trabalhar com filipinos, indianos e não só, é normal. E se para mim tudo é normal e parece fluir como se sempre tivesse sido assim porque razão haveria de me sentir emigrante?
As dificuldades (pequenas ou grandes depende sempre da perspetiva), os momentos menos agradáveis pelas quais já passei (e quase na certa devem haver mais alguns há minha espera) e os comentários (e olhares) racistas e xenófobos, são o que me relembram que não sou daqui.
Mas talvez porque posso falar português quando quero, talvez porque se penso em algo que em Portugal sei que existe e aqui vou procurar acabo por encontrar com outro nome mas a mesma função, talvez porque a forma de as coisas funcionarem (e talvez este seja o ponto fulcral!) não difere tanto de Portugal, eu não me vá sentindo tão deslocada assim. As coisas funcionando não me dificultam a vida em nada, a minha liberdade não foi afectada (posso conduzir, beber, vestir a roupa que eu decidir), tal como a minha segurança (preciso sim de ter o mínimo de senso comum da mesma forma que em Portugal no que toca a segurança), tenho os mesmos direitos que tenho enquanto cidadã em Portugal (com as devidas nuances de estrangeira pertencente à UE), em termos de alimentação é o mesmo (tenho até mais variedade). Bolas, aqui também há Ikea, Decathlon e Lidl. Obviamente que estou a excluir aquilo que é tradicional e apenas se encontra em Portugal.
Sim, tenho perdido muita coisa que anda a acontecer em Portugal e isso por vezes não ajuda os dias aqui, mas se não tivesse vindo perdia deste lado, nesta ilha.
E mais importante que isso tudo, perdia no ganho para mim própria.
Apesar de tudo, e de por vezes pensar como é que ainda aqui ando, olhando para estas pequenas diferenças, não me sinto muito emigrante mas sim falsa emigrante. No meio de tantos emigrantes portugueses, sinto-me aquela que deu como resultado um falso positivo (juntamente com mais uma e outra pessoa).
Pior do que isto (que não é nada) é ter de olhar para Portugal numa perspetiva de férias e não de regresso definitivo. Recuando um pouco no tempo, volta a sensação de Limbo que me atacou na primeira ida a Portugal. Acho tudo meio estranho e sem me fazer muito sentido, é meu mas ao mesmo tempo parece não ser, é estranho percorrer Lisboa e tudo quanto conheço (com todas as memórias) com a consciência de que aí a uns dias já não estou presente, meto-me no avião de regresso e tudo parece voltar ao normal.. não sei. Talvez mudando a vida de volta a Portugal mudasse a sensação. Não sei.
Se não sou falsa emigrante então serei uma emigrante muito bem adaptada a uma ilha. Mas seja como for, não deixa de haver uma sensação estranha em ambos os lugares.
Boa parte do meu tempo sinto-me assim: falsa emigrante.
Para todos os efeitos (e tenho, ou pelo menos devia, de uma vez por todas meter isto na minha cabeça) passei a ser aquilo a que se chama de emigrante.
Mas este é o meu 'problema': para mim é tudo normal. Ter vindo para aqui foi normal, conduzir à esquerda é normal, não usar euros na carteira é normal, funcionar em bilingue é normal, trabalhar com filipinos, indianos e não só, é normal. E se para mim tudo é normal e parece fluir como se sempre tivesse sido assim porque razão haveria de me sentir emigrante?
As dificuldades (pequenas ou grandes depende sempre da perspetiva), os momentos menos agradáveis pelas quais já passei (e quase na certa devem haver mais alguns há minha espera) e os comentários (e olhares) racistas e xenófobos, são o que me relembram que não sou daqui.
Mas talvez porque posso falar português quando quero, talvez porque se penso em algo que em Portugal sei que existe e aqui vou procurar acabo por encontrar com outro nome mas a mesma função, talvez porque a forma de as coisas funcionarem (e talvez este seja o ponto fulcral!) não difere tanto de Portugal, eu não me vá sentindo tão deslocada assim. As coisas funcionando não me dificultam a vida em nada, a minha liberdade não foi afectada (posso conduzir, beber, vestir a roupa que eu decidir), tal como a minha segurança (preciso sim de ter o mínimo de senso comum da mesma forma que em Portugal no que toca a segurança), tenho os mesmos direitos que tenho enquanto cidadã em Portugal (com as devidas nuances de estrangeira pertencente à UE), em termos de alimentação é o mesmo (tenho até mais variedade). Bolas, aqui também há Ikea, Decathlon e Lidl. Obviamente que estou a excluir aquilo que é tradicional e apenas se encontra em Portugal.
Sim, tenho perdido muita coisa que anda a acontecer em Portugal e isso por vezes não ajuda os dias aqui, mas se não tivesse vindo perdia deste lado, nesta ilha.
E mais importante que isso tudo, perdia no ganho para mim própria.
Apesar de tudo, e de por vezes pensar como é que ainda aqui ando, olhando para estas pequenas diferenças, não me sinto muito emigrante mas sim falsa emigrante. No meio de tantos emigrantes portugueses, sinto-me aquela que deu como resultado um falso positivo (juntamente com mais uma e outra pessoa).
Pior do que isto (que não é nada) é ter de olhar para Portugal numa perspetiva de férias e não de regresso definitivo. Recuando um pouco no tempo, volta a sensação de Limbo que me atacou na primeira ida a Portugal. Acho tudo meio estranho e sem me fazer muito sentido, é meu mas ao mesmo tempo parece não ser, é estranho percorrer Lisboa e tudo quanto conheço (com todas as memórias) com a consciência de que aí a uns dias já não estou presente, meto-me no avião de regresso e tudo parece voltar ao normal.. não sei. Talvez mudando a vida de volta a Portugal mudasse a sensação. Não sei.
Se não sou falsa emigrante então serei uma emigrante muito bem adaptada a uma ilha. Mas seja como for, não deixa de haver uma sensação estranha em ambos os lugares.
domingo, 16 de junho de 2013
sexta-feira, 7 de junho de 2013
O meu turbante
O meu turbante (que perdeu o estatuto de único pouco depois de chegar à ilha) é sempre a surpresa de alguém de cada vez que o ponho na cabeça.
Mas mais uns dias e talvez volte para a gaveta já que das primeiras coisas que vou fazer quando for ao continente, será cortar novamente o cabelo. É que o malandro já se anda a esticar. E a mim ainda não me apetece voltar ao estilo antigo.
Mas mais uns dias e talvez volte para a gaveta já que das primeiras coisas que vou fazer quando for ao continente, será cortar novamente o cabelo. É que o malandro já se anda a esticar. E a mim ainda não me apetece voltar ao estilo antigo.
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